quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A Troca...

Casa grande, movéis antigos, labirintos por todo lugar que se andava.
Em uma sala qualquer entrava um casal triplo, marido, esposa e marido. O dono de tal casa abre uma porta que se dá para um imenso jardim. Assustados os três, especialmente a esposa, viam em suas direções inúmeros homens e mulheres, de todas as cores e formas, brancos, amarelos, azuis e negros, alguns quase iguais e todos de uma mesma família.
Ao lado, na sala de televisão, conheciam-se um casal baiano e um casal angolano. Relatavam um ao outro a cultura e costumes de ambos países. A esposa de dois maridos assustada com tantos seres bizarros que via, passa pela sala de televisão sem ver os ocupantes da dita, entra por uma varanda que já se liga a outro quarto, onde casais estão se conhecendo melhor e assustada nem nota o que acontece a seu redor, mas mesmo assim sai correndo com o intuito de sair logo desta casa. Enfim ela chega ao corredor que tem a rua visível ao lado. Parada fica ali olhando, pensando e sonhando por míseros minutos sozinha.
Seu marido carinhoso a encontra, a tira de seus pensamentos e junto com seu marido carinhoso e seu marido tarado vão para casa deles, para continuarem suas rotinas normais. Rotina cheia de sarcasmo, deboche e preconceito dos recalcados. Sem amigos, ela continua a lavar duas cuecas ao dia e estocadas sem fim.

13/10/09

Kássia Gomes

Publicado no Recanto das Letras em 14/10/2009
Código do texto: T1865865

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